Foi em 2004. Uma cooperativa com unidades em Wenceslau Braz e Carlópolis, no Paraná, estava em dificuldades financeiras graves. A Capal Cooperativa Agroindustrial, então, entrou em cena, com incorporação dos produtores ao seu quadro social, mudando os rumos do agronegócio e do cooperativismo na região.
A unidade de Wenceslau Braz apresentava potencial para o cultivo de grãos. Em Carlópolis, o cenário era diferente. A fruticultura, a avicultura e a cafeicultura eram as principais atividades na região, e esses segmentos não faziam parte das operações da cooperativa.
O que para muitos poderia ser um problema, devido ao desconhecimento das atividades e à Unidade ser pequena, foi visto pela Capal como uma oportunidade.
O trabalho dedicado da gestão e da equipe técnica transformou o panorama de incertezas em o desenvolvimento dos associados e da cooperativa. Ao longo do tempo, o crescimento no quadro de associados, a abertura das fronteiras para o café nos estados do Paraná e São Paulo levaram ao sucesso na cafeicultura. Hoje, a Capal tem uma cafeeira própria, com recebimento, beneficiamento, armazenagem, comercialização e torrefação, levando o produto cultivado lá na lavoura até a mesa do consumidor, com qualidade e excelência.
Esta é uma parte da reportagem especial que conta a história de três produtores que escolheram a cafeicultura como seu meio de sustento. Ou será que foi o café que os escolheu? Pegue sua xícara e conheça o cooperado Antonio Rosolen.
Confiança no cooperativismo que gera desenvolvimento
Antonio Aparecido Rosolen tinha 26 anos quando saiu da casa dos pais em busca de um futuro. Naturais do estado de São Paulo, ele e os quatro irmãos mais novos escolheram Carlópolis, no Paraná, como a cidade para plantar seus primeiros cafeeiros.
Os irmãos decidiram dedicar-se à atividade também praticada pelo avô, mas o início não foi fácil. Eles compraram o primeiro pedaço de terra e mantiveram-se sozinhos, crescendo pouco a pouco.
"O café é uma coisa que vicia. Você planta a mudinha, vê crescer... Se vejo alguém derrubando, quebrando um pé de café, é como bater em um filho meu”, brinca o produtor.
A paixão pela atividade, porém, não é brincadeira. Está estampada no rosto e é percebida por quem quer que converse com Rosolen, que em 2022 completa 40 anos de dedicação à cafeicultura.
Das quatro décadas, 15 anos são como associado à Capal. Ele não esteve entre os primeiros cooperados na região, pois levou algum tempo até resolver associar-se. A equipe precisou convencê-lo de que a cooperativa seguia mesmo os princípios do modelo de gestão cooperativista defendia por ela. “Tivemos duas experiências com cooperativas que foram muito desagradáveis, porque deixaram prejuízo. É como diz o ditado, cachorro mordido de cobra tem medo de linguiça. Então, quando a Capal chegou, nós tivemos uma resistência muito grande”, recorda o produtor.
Um dos fatores que o levou a decidir por tornar-se cooperado foi a confiança transmitida nas visitas da equipe técnica e administrativa, principalmente quando percebeu que o objetivo não era vender produtos. Confiança que se mantém até hoje.
O preço dos insumos, aliado à disponibilidade por conta da programação de safra, é um dos diferenciais apontados por ele. “Passei a comprar 100% na Capal, nem procuro outro lugar, porque sei que vou perder tempo”, afirma.
Além da disponibilidade de insumos, Rosolen também cita o trabalho do Departamento de Assistência Técnica (DAT) como um elemento fundamental para o sucesso na atividade. “Sem o agrônomo em campo, não tem jeito”, ele afirma, irredutível.
Assim como na história de Vitorio, o estudo das características do solo apareceu como uma inovação, que ele ainda não conhecia.
Também foi o engenheiro agrônomo José Ryoti Nakabayashi quem apresentou para ele a possibilidade de se analisar o solo para identificar quais eram deficiências de nutrientes e as correções que realmente precisam ser feitas. Rosolen aponta que, desde então, percebeu uma grande economia na compra de insumos, além do aumento da produtividade.
Hoje, os primeiros cafeeiros de Antônio Aparecido Rosolen se tornaram 202 hectares, que continuam sendo administrados pelos irmãos e suas famílias. Infelizmente, um dos irmãos já faleceu, mas sua memória é honrada pelo trabalho dedicado da família na gestão da propriedade. Cada um tem sua função e os resultados são distribuídos de forma equitativa entre todos.
Assim como os produtores da reportagem, a Capal escolheu a cafeicultura... Ou foi o café que a escolheu? Analisando a situação, a Capal percebeu que o segmento tinha espaço para crescer, reinventar-se, devolver o brilho e o orgulho aos produtores. Quando incorporou aquela cooperativa em dificuldades, reanimou o sistema cooperativista na região, mudando a imagem negativa anterior. Hoje, esta cultura é mais um dos ramos de atuação que promove o desenvolvimento dos associados e fortalece o cooperativismo.